segunda-feira, 11 de abril de 2011

DIÁRIO DE UM EXILADO

         Por vários anos fomos feitos escravos por um povo de uma terra estranha que nos humilhava e zombava de nossa fé, eu me sentia impotente diante de tanta hostilidade e terror, nossas mulheres eram desonradas bem diante dos nossos olhos, nossos filhos já há muitos dias sem terem o que comer clamavam baixinho em nossos ouvidos pela morte, nosso futuro parecia certo, morte sem clemência e sem honra e um clamor, um grito de misericórdia ecoava pela terra. Até que um dia, Deus, o grande El-Shaday ouviu o nosso pedido de socorro e nos libertou das mãos do opressor. Foi então que Ingressamos em um período de grandes conquistas e regozijo, período jamais visto na historia do meu povo, verdadeiramente Deus restituiu tudo que o opressor havia nos roubado, éramos o teu povo e Ele era o nosso Rei, vitorioso, soberano e eterno libertador, nós o adorávamos com fervor e com prazer, pois havia nos libertado de nosso cativeiro, agora quem poderia nos resistir, na terra não havia mais medo nem sofrimento somente um som, um brado de vitória, de um povo livre que se tornára um exército poderoso nas mãos daquele que os havia libertado. Mas com o passar dos anos a chama da liberdade foi se apagando, a gratidão que era algo visível em nossos olhos cedeu o seu lugar a um sentimento hostil de prazer e satisfação própria, o nosso egocentrismo e auto-suficiência cegaram os nossos olhos nos impedindo de enxergá-lo como Rei e Senhor, aquele que havia salvado as nossas vidas. Hoje consigo compreender que o meu povo só o traiu por que tudo aquilo que Ele nos deu, prosperidade, saúde, paz, alegria, amor e liberdade nos fizeram sentir que eramos capazes de caminharmos sozinhos sem sermos submissos a ninguém e isso entristeceu o coração do Pai, Ele já não era mais necessário e em nossa súbita cegueira começamos a achar que poderíamos ir muito mais além e que poderíamos romper barreiras que outrora nos pareciam intransponíveis, pois afinal de contas éramos ou não éramos o exercito mais poderoso da face da terra? Mas no meio de tanta soberba e futilidade um som se fez ouvir, era como som de trombeta, uma voz como som de muitas águas e o Eterno do seu alto e sublime trono se pronuncia: “oh meus filhos, meus filhinhos queridos, quantas vezes eu quis vos ajuntar debaixo de minhas asas como uma galinha faz com os seus filhotes e vós não quisestes, deixo então as vossas casas desoladas e vos entrego a vossa própria sorte, pois abandonaram os meus preceitos e não se alegraram com a minha palavra” e em um só instante tudo aquilo que era alegria se entristeceu e o que era doce se tornou amargo, a luz naquele momento se reverteu em densas trevas assim como os nossos olhos enegrecidos pelos pecados de anos, mas que outrora haviam contemplado a gloria do Rei. Não demorou muito e o nosso exercito começou a sentir os reflexos deste drástico rompimento entre Deus e o povo, as primeiras derrotas logo surgiram e só então percebemos que não podíamos guerrear contra os nossos inimigos usando como arma apenas o nosso passado glorioso em batalhas e algumas espadas e lanças enferrujadas pelo tempo, precisávamos de mais, necessitávamos em caráter emergencial de algo ou de alguém que nos fizesse indestrutíveis perante os nossos inimigos, mas nada aconteceu e o que eu mais temia nos sobreveio, a desonra e a humilhação do passado batiam de novo a nossa porta e o nosso exército foi sobrepujado pelo exército opressor, alguns de nós se arrependeram e clamaram em alta voz: Deus, por favor, nos ajude, pois estamos precisando de ti. Mas já era tarde de mais, pois Deus havia se decepcionado por demais conosco, fomos levados para uma terra estranha que não era nossa, e longe dos braços do pai fomos novamente massacrados e escarnecidos por nossos inimigos só que desta vez o requinte de crueldade era ainda maior, pois como se não bastasse eles zombarem de nós, eles também zombavam do nosso libertador que nos fizera andar em triunfo sobre a terra, mas nós o abandonamos, sem duvida nenhuma esse cativeiro estava sendo o pior da nossa historia, nossos algozes eram implacáveis em nos vilipendiar batendo, xingando e cuspindo, e para nos humilhar ainda mais eles nos obrigavam a cantar as canções do Senhor para alegrar suas festas e orgias. E um dia em um dos poucos momentos que tínhamos de descanso nos sentamos às margens dos rios da babilônia e começamos a chorar lembrando de como era bom adorarmos ao nosso Deus em nossa tão amada terra; então senti saudades de Jerusalém, foi quando ouvi alguém dizer em oração: Como cantar a sua canção em terra estranha, se eles nos obrigarem então Senhor que se apegue minha língua ao paladar para que eu não cante e que se seque minha mão direita para que não me obriguem a tocar. E eu emocionado com todas aquelas palavras soltei um brado em forma de desabafo! e gritei aos céus: “Que todas estas maldições venham sobre mim se eu me esquecer de ti oh Jerusalém, e me corromper com os costumes deste povo”. Não sei como explicar mais de alguma forma aquelas palavras subiram aos céus e encheram o coração de Deus de alegria, pois naquele momento o altíssimo pode contemplar que os nossos corações estavam verdadeiramente quebrantados e que nós estávamos entendendo que sem ele não há paz, somente humilhação e medo, tristeza e rancor e com um lindo sorriso em seus lábios e usando de sua imensa sabedoria, Deus viu que somente os lideres e sacerdotes não eram suficientes para fazer com que o povo deixasse a pratica do pecado e voltassem os seus olhos e corações para o teu trono de gloria e graça. O que fazer então sussurrou Deus: Eles precisam de alguém que os faça ter fé, que não só pregue, mas que também viva a minha palavra, alguém que possa ser um referencial de vida, caráter e santidade que os faça entender de uma vez por todas que é melhor obedecer do que sacrificar, alguém que os mostre um pouco da minha gloria através de milagres, sinais e prodígios, alguém em quem eu possa confiar plenamente, e que seja capaz de morrer entregando sua própria vida para salvar a deles ser for preciso, neste momento ouviu-se uma gargalhada de deboche daquele que se intitula o príncipe da escuridão e inimigo de Deus dizendo: não existe na face da terra homem ou animal que seja capaz de realizar tamanho sacrifício por um povo tão medíocre como aqueles que tu criaste, e pela primeira vez na historia houve silencio no céu os anjos, os querubins e os serafins se calaram e diante desta situação Deus da um brado que ecoou por todo o grande universo dizendo: A quem nós iremos enviar, e quem há de ir por nós. E neste exato momento alguém se levanta do seu lado direito toca em seu ombro e diz: Eis me aqui meu Pai, envia-me a mim, eu irei e cumprirei a tua vontade para este povo, entregarei a minha vida em favor da deles e quando tudo estiver consumado aqueles que aceitarem o meu sacrifício e mudarem verdadeiramente de vida reinaram comigo para sempre, pelos séculos dos séculos por hora me farei carne como eles só para sentir o que eles sentem e tentar entender o que os leva a serem assim, depois voltarei para te contar como é ser de carne e osso e se com o meu relato o Senhor quiser os salvar então eu voltarei na nossa nuvem de gloria só para buscá-los para viver aqui no céu conosco e para sempre eles serão o teu povo e tu meu Pai serás o seu Deus e Deus disse assim seja. E foi assim que fomos contemplados com tão maravilhosa salvação.      

Pr. Bruno Alves

Um comentário:

  1. que benção esse blog pastor. que Deus continue te abençoando cada dia mais! eu te admiro muito como pessoa e como pastor e agradeço muito ao senhor pela oportunidade de poder ter te conhecido. você me ensinou muito e por onde passa ensina a muitos jovens .. que é preciso viver em santidade! obrigada por tudo. a paz querido.

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